segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O Zelador da Fonte


Conta uma lenda austríaca que em determinado povoado, havia um pacato habitante da floresta que foi contratado pelo Conselho Municipal para cuidar das piscinas que guarneciam a fonte de água da comunidade. 
O cavalheiro com silenciosa regularidade, inspecionava as colinas, retirava folhas e galhos secos, limpava o limo que poderia contaminar o fluxo da corrente de água fresca. 

Ninguém lhe observava as longas horas de caminhada ao redor das colinas, nem o esforço para a retirada de entulhos. 

Aos poucos, o povoado começou a atrair turistas. Cisnes graciosos passaram a nadar pela água cristalina. 

Rodas d´água de várias empresas da região começaram a girar dia e noite. 

As plantações eram naturalmente irrigadas, a paisagem vista dos restaurantes era de uma beleza extraordinária. 

Os anos foram passando. Certo dia, o Conselho da cidade se reuniu, como fazia semestralmente. 

Um dos membros do Conselho resolveu inspecionar o orçamento e colocou os olhos no salário pago ao zelador da fonte. 

De imediato, alertou aos demais e fez um longo discurso a respeito de como aquele velho estava sendo pago há anos, pela cidade. 

E para quê? O que é que ele fazia, afinal? Era um estranho guarda da reserva florestal, sem utilidade alguma. 

Seu discurso a todos convenceu. O Conselho Municipal dispensou o trabalho do zelador da fonte de imediato. 

Nas semanas seguintes, nada de novo. Mas no outono, as árvores começaram a perder as folhas. 

Pequenos galhos caíam nas piscinas formadas pelas nascentes. 

Certa tarde, alguém notou uma coloração meio amarelada na fonte. Dois dias depois, a água estava escura. 

Mais uma semana e uma película de lodo cobria toda a superfície ao longo das margens. 

O mau cheiro começou a ser exalado. Os cisnes emigraram para outras bandas. As rodas d´água começaram a girar lentamente, depois pararam. 

Os turistas abandonaram o local. A enfermidade chegou ao povoado. 

O Conselho Municipal tornou a se reunir, em sessão extraordinária e reconheceu o erro grosseiro cometido. 

Imediatamente, tratou de novamente contratar o zelador da fonte. 

Algumas semanas depois, as águas do autêntico rio da vida começaram a clarear. As rodas d´água voltaram a funcionar. 

Voltaram os cisnes e a vida foi retomando seu curso. 

* * * 

Assim como o Conselho da pequena cidade, somos muitos de nós que não consideramos determinados servidores. 

Aqueles que se desdobram todos os dias para que o pão chegue à nossa mesa, o mercado tenha as prateleiras abarrotadas; os corredores do hospital e da escola se mantenham limpos. 

Há quem limpe as ruas, recolha o lixo, dirija o ônibus, abra os portões da empresa. 

Servidores anônimos. Quase sempre passamos por eles sem vê-los. 

Mas, sem seu trabalho, o nosso não poderia ser realizado ou a vida seria inviável. 

O mundo é uma gigantesca empresa, onde cada um tem uma tarefa específica, mas indispensável. 

Se alguém não executar o seu papel, o todo perecerá. 

Dependemos uns dos outros. Para viver, para trabalhar, para ser felizes! 

Pensemos nisso!


Redação do Momento Espírita com base no cap. O zelador da fonte, de Charles R. Swindoll, do livro Histórias para o coração, de Alice Gray, ed. United Press.

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