O longo caminho das microalgas
rumo à escala comercial
Tanque de algas na inauguração da planta piloto de cultivo das microalgas
para a produção de biodiesel em Extremoz / RN (Foto: Petrobras)
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Considerada uma das matérias-primas mais promissoras para a
produção de biocombustível, as microalgas recebem altos investimentos em
pesquisa e atraem empresas para o Brasil.
O mundo vem sendo pressionado a buscar fontes sustentáveis de energia em
um cenário de crescimento populacional exponencial e escassez nos
recursos naturais. De acordo com o Departamento de Energia dos Estados
Unidos, em um estudo divulgado ao final do ano passado, o uso global de
energia irá crescer 53% até 2035. A projeção vem somente confirmar o que
vemos em nosso dia a dia: mais pessoas alimentando-se, consumindo e
locomovendo-se.
Viajar de avião, por exemplo, está cada vez mais acessível. Algumas vezes, o trajeto entre duas cidades brasileiras pelo ar compensa muito mais financeiramente do que o deslocamento por terra. Isso aos olhos do bolso do consumidor, mas não exatamente para o planeta.
De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças no Clima (IPCC) da Organização das
Nações Unidas (ONU), o setor da aviação é responsável por aproximadamente 2% do total de emissões de gás carbônico (CO2) na atmosfera, e o número tende a crescer, principalmente se a indústria não investir em alternativas ao querosene.
Seja por pressão política, econômica, ambiental, seja para atender à demanda por inovação em energia sustentável ou pela liderança na corrida tecnológica dos biocombustíveis, empresas dos mais diferentes segmentos vêm fazendo parcerias e investindo cifras milionárias em pesquisas e aplicações de alternativas que reduzam esse impacto.
Viajar de avião, por exemplo, está cada vez mais acessível. Algumas vezes, o trajeto entre duas cidades brasileiras pelo ar compensa muito mais financeiramente do que o deslocamento por terra. Isso aos olhos do bolso do consumidor, mas não exatamente para o planeta.
De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças no Clima (IPCC) da Organização das
Nações Unidas (ONU), o setor da aviação é responsável por aproximadamente 2% do total de emissões de gás carbônico (CO2) na atmosfera, e o número tende a crescer, principalmente se a indústria não investir em alternativas ao querosene.
Seja por pressão política, econômica, ambiental, seja para atender à demanda por inovação em energia sustentável ou pela liderança na corrida tecnológica dos biocombustíveis, empresas dos mais diferentes segmentos vêm fazendo parcerias e investindo cifras milionárias em pesquisas e aplicações de alternativas que reduzam esse impacto.
A solução verde
O etanol feito de cana-de-açúcar é, sem dúvida, o principal
biocombustível do Brasil, principalmente para a substituição da
gasolina. No entanto, outros combustíveis e produtos derivados do
petróleo dependem de matérias-primas baseadas em óleo para terem
substitutos. Por isso, vêm ganhando importância fontes como a planta
oleaginosa pinhão-manso, o óleo de palma e, especialmente, as
microalgas, quando a questão é a redução do uso do querosene e do óleo
diesel.
Especialistas do IEEE (Institute of Electric and Electronics Engineers), organização técnico-profissional dedicada ao desenvolvimento da tecnologia para o benefício da humanidade, identificaram esse simples organismo autotrófico como a mais promissora fonte sustentável capaz de atender à crescente demanda global por energia.
“Em um mundo que luta para lidar com problemas como a crescente população e a queda dos combustíveis fósseis, as algas têm um futuro brilhante, dando o suporte necessário em diversos aspectos, que vão desde alimentos e combustível a medicamentos”, afirma o membro sênior do IEEE e CEO da Algaeon Inc., William Kassebaum. “Algas crescem muito rápido, duplicando de tamanho em 1 a 3 dias. Algas retiram metais e outros contaminantes, limpando o meio ambiente. Também consomem CO2 da atmosfera”, completa
Além de seu desenvolvimento rápido, que depende apenas de luz, poucos nutrientes e gás carbônico para fazer a fotossíntese, a produção de microalgas não compete com a produção de alimentos cultivados em terra. Pelo contrário, pode se tornar aliada no fechamento de outros ciclos produtivos quando associada, por exemplo, a resíduos como a vinhaça da cana-de-açúcar ou efluentes da indústria petroquímica.
Especialistas do IEEE (Institute of Electric and Electronics Engineers), organização técnico-profissional dedicada ao desenvolvimento da tecnologia para o benefício da humanidade, identificaram esse simples organismo autotrófico como a mais promissora fonte sustentável capaz de atender à crescente demanda global por energia.
“Em um mundo que luta para lidar com problemas como a crescente população e a queda dos combustíveis fósseis, as algas têm um futuro brilhante, dando o suporte necessário em diversos aspectos, que vão desde alimentos e combustível a medicamentos”, afirma o membro sênior do IEEE e CEO da Algaeon Inc., William Kassebaum. “Algas crescem muito rápido, duplicando de tamanho em 1 a 3 dias. Algas retiram metais e outros contaminantes, limpando o meio ambiente. Também consomem CO2 da atmosfera”, completa
Além de seu desenvolvimento rápido, que depende apenas de luz, poucos nutrientes e gás carbônico para fazer a fotossíntese, a produção de microalgas não compete com a produção de alimentos cultivados em terra. Pelo contrário, pode se tornar aliada no fechamento de outros ciclos produtivos quando associada, por exemplo, a resíduos como a vinhaça da cana-de-açúcar ou efluentes da indústria petroquímica.
Brasil: campo fértil para pesquisas
Entre os principais processos que vêm sendo desenvolvidos para a
produção de biocombustíveis a partir de algas, está a fermentação do
açúcar das algas para a produção de óleos, como é feito pela empresa
norte-americana Solazyme, que anunciou em abril deste ano a formação de
uma joint venture com a Bunge para atuação no Brasil. O objetivo é
associar a tecnologia de produção de óleos renováveis da Solazyme à
capacidade de produção e processamento de cana-de-açúcar da empresa de
alimentos.
Outro processo compreende a criação de microalgas em grandes lagos artificiais, dentro de um sistema controlado. “As algas, que possuem propriedades fotossintéticas, crescem em tanques abertos e, em seguida, as células de algas são colhidas e o óleo é extraído”, explica Jim Sears, que também é membro do IEEE e presidente da A2BE Carbon Capture LLC.
Segundo o especialista, neste caso, a densidade das algas é um fator limitante, porque o rápido crescimento faz com que elas sombreiem a luz umas das outras, o que trava o processo de fotossíntese e multiplicação. Por isso, outra linha de pesquisa trabalha com sistemas fechados, com a produção das microalgas em tubos, que recebem a luz do sol por meio de fibras óticas.
A usina que está sendo instalada em Pernambuco pela empresa austríaca SAT (See Algae Technology), em parceria com o grupo brasileiro JB, aposta nesse modelo de ‘fazendas verticais’, associando ainda a produção de microalgas à captura de gás carbônico gerado pela produção de etanol. Anunciada em julho deste ano, a expectativa é que a nova planta de biocombustível de algas entre em operação no último trimestre de 2013.
A brasileira Petrobras não fica atrás nesta corrida tecnológica. Desde 2006, criou o programa Redes Temáticas, voltado para o relacionamento com universidades e institutos de pesquisas. “Estamos trabalhando duro para transformar expectativas em dados científicos”, afirma o oceanógrafo Leonardo Bacellar, do CENPES (Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello). “Na carteira de projetos de bioprodutos, no caso específico das microalgas, nós temos iniciativas que contemplam sistemas abertos e fechados, mas não há um consenso definitivo de um ou outro. Existem possibilidades inclusive de acoplamento”, explica o pesquisador.
Em abril deste ano, a empresa inaugurou na cidade de Extremoz, no Rio Grande do Norte, uma planta piloto para o cultivo de microalgas para produção de biodiesel, em parceria com a Universidade Federal daquele Estado. O projeto identificou cerca de 10 espécies de microalgas capazes de crescer em água de produção de petróleo e comemora a saída da fase laboratorial. Lá, as microalgas vêm sendo cultivadas em tanques abertos, com capacidade de quatro mil litros.
Outro processo compreende a criação de microalgas em grandes lagos artificiais, dentro de um sistema controlado. “As algas, que possuem propriedades fotossintéticas, crescem em tanques abertos e, em seguida, as células de algas são colhidas e o óleo é extraído”, explica Jim Sears, que também é membro do IEEE e presidente da A2BE Carbon Capture LLC.
Segundo o especialista, neste caso, a densidade das algas é um fator limitante, porque o rápido crescimento faz com que elas sombreiem a luz umas das outras, o que trava o processo de fotossíntese e multiplicação. Por isso, outra linha de pesquisa trabalha com sistemas fechados, com a produção das microalgas em tubos, que recebem a luz do sol por meio de fibras óticas.
A usina que está sendo instalada em Pernambuco pela empresa austríaca SAT (See Algae Technology), em parceria com o grupo brasileiro JB, aposta nesse modelo de ‘fazendas verticais’, associando ainda a produção de microalgas à captura de gás carbônico gerado pela produção de etanol. Anunciada em julho deste ano, a expectativa é que a nova planta de biocombustível de algas entre em operação no último trimestre de 2013.
A brasileira Petrobras não fica atrás nesta corrida tecnológica. Desde 2006, criou o programa Redes Temáticas, voltado para o relacionamento com universidades e institutos de pesquisas. “Estamos trabalhando duro para transformar expectativas em dados científicos”, afirma o oceanógrafo Leonardo Bacellar, do CENPES (Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello). “Na carteira de projetos de bioprodutos, no caso específico das microalgas, nós temos iniciativas que contemplam sistemas abertos e fechados, mas não há um consenso definitivo de um ou outro. Existem possibilidades inclusive de acoplamento”, explica o pesquisador.
Em abril deste ano, a empresa inaugurou na cidade de Extremoz, no Rio Grande do Norte, uma planta piloto para o cultivo de microalgas para produção de biodiesel, em parceria com a Universidade Federal daquele Estado. O projeto identificou cerca de 10 espécies de microalgas capazes de crescer em água de produção de petróleo e comemora a saída da fase laboratorial. Lá, as microalgas vêm sendo cultivadas em tanques abertos, com capacidade de quatro mil litros.
O desafio da escala comercial
Apesar das numerosas aplicações possíveis, das iniciativas e dos testes
que já estão mudando o pensamento (e o investimento) da indústria, o uso
das microalgas em biocombustível ainda está limitado ao campo das
pesquisas.
“O maior desafio é a obtenção de alta produtividade, à nossa frente e de todos os pesquisadores”, afirma Bacellar ao comentar sobre o real potencial das microalgas como alternativa de biodiesel. “O que é mais importante: o resultado ou o investimento? Nossas referências mostram que quem realmente atinge o resultado é quem não tem medo de investir”, conclui o pesquisador da Petrobras.
As empresas do setor que estão apostando no desenvolvimento da tecnologia podem chegar a ter grandes instalações de demonstração de escala operacional em 2015, mas a um custo bem elevado, na opinião de Jim Sears, membro do IEEE.
“Uma vez que o mundo consome atualmente cerca de 30 bilhões de barris de petróleo por ano, apenas para substituir 10% deste fluxo de abastecimento pode custar de US$ 1,5 a US$ 3 trilhões”, afirma Sears. “Num prazo mais curto, menores investimentos nas fazendas de algas irão revelar-se úteis para fornecer uma fonte de combustível de baixo carbono para o transporte aéreo, mas a construção de infraestrutura industrial vai exigir um tempo considerável e investimento.”
Os biocombustíveis de algas que vêm sendo desenvolvidos também precisam passar pelo crivo da Agência Nacional do Petróleo (ANP) antes da etapa de comercialização.
“O maior desafio é a obtenção de alta produtividade, à nossa frente e de todos os pesquisadores”, afirma Bacellar ao comentar sobre o real potencial das microalgas como alternativa de biodiesel. “O que é mais importante: o resultado ou o investimento? Nossas referências mostram que quem realmente atinge o resultado é quem não tem medo de investir”, conclui o pesquisador da Petrobras.
As empresas do setor que estão apostando no desenvolvimento da tecnologia podem chegar a ter grandes instalações de demonstração de escala operacional em 2015, mas a um custo bem elevado, na opinião de Jim Sears, membro do IEEE.
“Uma vez que o mundo consome atualmente cerca de 30 bilhões de barris de petróleo por ano, apenas para substituir 10% deste fluxo de abastecimento pode custar de US$ 1,5 a US$ 3 trilhões”, afirma Sears. “Num prazo mais curto, menores investimentos nas fazendas de algas irão revelar-se úteis para fornecer uma fonte de combustível de baixo carbono para o transporte aéreo, mas a construção de infraestrutura industrial vai exigir um tempo considerável e investimento.”
Os biocombustíveis de algas que vêm sendo desenvolvidos também precisam passar pelo crivo da Agência Nacional do Petróleo (ANP) antes da etapa de comercialização.
Fonte: Allianz, em 29/agosto/2012 - http://sustentabilidade.allianz.com.br