Pesquisadores fizeram uma curiosa descoberta no mundo subaquático: um
molusco que usa minúsculos olhos feitos de um cristal de carbonato de
cálcio para detectar predadores. Os cientistas dizem que se trata do
primeiro par de olhos rochosos encontrado no reino animal.
As centenas de estruturas similares a olho sobre a superfície desse
molusco, chamado de chiton, já haviam sido descobertas décadas atrás.
Porém, até agora, não se sabia de que material elas eram feitas ou se os
animais podiam efetivamente ver objetos ou apenas sentir a
luminosidade.
“Agora descobrimos que eles realmente conseguem ver objetos, embora
provavelmente não muito bem”, afirma o pesquisador Daniel Speiser, que
recentemente completou seu pós-doutorado na Universidade da Califórnia,
em Santa Barbara, Estados Unidos. Como comparação, o estudo descobriu
que a visão humana é cerca de mil vezes mais nítida que a do chiton.
Chitons apareceram pela primeira vez na Terra há mais de 500 milhões
de anos. Porém, de acordo com o registro de fósseis, o mais antigo
chiton com os olhos surgiu apenas nos últimos 25 milhões de anos,
tornando seus olhos um dos mais recentes a evoluir nos animais. “Os
olhos provavelmente evoluíram de modo que os chitons pudesse ver e se
defender dos predadores”, conta Speiser.
A fim de descobrir como os olhos de pedra funcionam na fuga contra
predadores, Speiser e o biólogo Sönke Johnsen estudaram, em laboratório,
chitons do oeste da Índia (Acanthopleura granulata), que medem
cerca de 8 cm de comprimento. Como outros chitons, essas criaturas têm
escudos achatados feitos de oito placas separadas por centenas de
minúsculas lentes na superfície, cobrindo grupos de células sensíveis à
luz.
A equipe percebeu, após experimento em laboratório, que as lentes dos
animais eram feitas de aragonita (carbonato de cálcio), em vez de
outras proteínas, como as lentes biológicas. Em seguida, a dupla colocou
os chitons em uma supefície feita da pedra ardósia. Logo que o animal
levantou parte do seu corpo para respirar, os pesquisadores lhes
mostraram um disco preto de tamanhos variados ou um slide correspondente
cinza, que bloqueava a mesma quantidade de luz. Os objetos foram
segurados um pouco acima do chitons.
A luz bloqueada não ocasionou nenhuma resposta, mas quando o disco
estava no mínimo 2,5 centímetros do animal, os chitons se contorceram.
Como os chitons responderam aos discos maiores e não aos slides
cinzas, eles parecem ver o disco e não apenas responder a uma mudança na
luz, explica Michael Land, biólogo da Universidade de Sussex, Reino
Unido, e especialista em visão de animais que não esteva envolvido na
investigação. Mas ainda não está claro se eles respondem apenas à
remoção de luz pelo disco, em oposição à adição de luz.
As experiências também sugerem que os olhos tem capacidades
semelhantes tanto na água quanto no ar, o que indica que os chitons são
capazes de enxergar em cima e abaixo d’água. [LiveScience]
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