NASA image courtesy Jeff Schmaltz/Caption by Adam Voiland
Brasília – Pela primeira vez, os 18 cientistas que integram o comitê
do Programa Mundial de Pesquisa Climática, WCRP na sigla em inglês,
estão reunidos no Brasil para avaliar as iniciativas globais para
mitigação e adaptação às mudanças do clima.
No encontro anual, os dirigentes da organização vão concluir,
até a próxima sexta-feira (31), um balanço de desafios considerados
prioritários, como melhorias nas observações do nível dos oceanos e
medidas para avaliar e garantir a disponibilidade de água em algumas
regiões.
“O Brasil está entre os líderes em várias iniciativas, como as
voltadas para mitigação das alterações climáticas e, ao lado da França e
dos Estados Unidos, do sistema de observação do nível do mar. Poucos se
importam com o que está acontecendo com os oceanos no mundo, como no
Brasil, que tem uma costa muito grande”, disse Antonio Busalacchi, que
preside o grupo, explicando que a liderança brasileira nessas políticas
motivou a escolha do país para sediar a 34ª reunião do grupo, que existe
desde 1985.
“Quis que os integrantes do comitê fossem apresentados a esse
cenário. A discussão vai girar em torno de tópicos sobre climatologias
em escala regional”, explicou, citando situações que estarão no centro
dos debates, como a do Nordeste brasileiro, que enfrenta seca extrema há
dois anos.
Há quatro anos, o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões
de gases de efeito estufa, apontadas como uma das principais
responsáveis pelas alterações de temperatura da Terra, entre 36,1% a
38,9% até 2020, tendo como base o que emitia em 1990. O compromisso foi
firmado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas realizada em Copenhague, COP 15, e a Política Nacional de
Mudanças Climáticas transformou as metas voluntárias em objetivos claros
para o governo e para vários setores.
A redução do desmatamento na Amazônia e no Cerrado está no
topo da lista, que ainda inclui investimentos na produção de
biocombustíveis, substituição do uso de carvão nativo e inclusão de
técnicas de plantio que podem reduzir a emissão de gases nocivos pela
agricultura.
Na próxima semana, o governo brasileiro vai divulgar o
levantamento mais recente de emissões de gases de efeito estufa. A
expectativa é que as áreas de meio ambiente e de ciência e tecnologia
também anunciem os planos setoriais de mitigação, com metas para áreas
estratégicas da economia.
Sem antecipar números, Carlos Nobre, secretário de Políticas e
Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação disse que todos os indicativos é que o país está
caminhando em direção à meta. O termômetro que confirma essa
expectativa, segundo ele, inclui, por exemplo, os índices de
desmatamento que vêm mostrando redução da devastação de áreas em regiões
estratégicas.
“Qualitativamente a gente sabe que a avaliação é boa porque o
desmatamento na Amazônia e no Cerrado está caindo. No ano passado,
tivemos o menor índice da série histórica de desmatamento na Amazônia”,
disse. Para Nobre, as ações de fiscalização e monitoramento que estão
sendo adotadas pelo governo devem manter essas taxas em queda.
Para o grupo de cientistas estrangeiros, Nobre também elencou
programas brasileiros que coincidem com as estratégias globais do
comitê. “O Brasil avançou muito em medidas de mitigação, mas temos que
avançar ainda muito mais na adaptação da sociedade brasileira, do
sistema econômico, da agricultura, do uso da água, por exemplo. São
pesquisas que vão apontar políticas tecnológicas de adaptação e indicar
políticas públicas, como as voltadas para mobilidade urbana e ocupação
do litoral”, explicou o secretário.
Recentemente, o governo também criou o Instituto Nacional de
Pesquisas sobre os Oceanos (Inpo), reservando outros recursos para
pesquisas de longo prazo nos 8,5 mil quilômetros do litoral brasileiro, e
iniciou a compra de equipamentos que vão aumentar a capacidade de
monitoramento sobre a seca na Região Nordeste. “Estamos comprando 1 mil
medidores de chuva, 500 medidores de umidade do solo, 100 estações
agrometeorológicas que vão aumentar muito nossa capacidade de prever os
impactos da seca do Nordeste sobre a agricultura e abastecimento de
água”, explicou.
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Fonte: Info Exame, por Agência Brasil, em 27/maio/2013
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