Artigo exclusivo da arquiteta
urbanista Gisela Santana sobre livro que denuncia a gravidade dos danos
causados pela especulação imobiliária. Prefácio de André Trigueiro
Por Gisela Verri de Santana, Arquiteta Urbanista, Mestre em
Desenvolvimento Urbano e Regional, Doutora em Psicologia Social,
colaboradora do Instituto de Pesquisas em Infraestrutura Verde e
Ecologia Urbana – INVERDE e autora do livro Marketing da “sustentabilidade” habitacional. Lançamentos imobiliários e ecologia urbana: em busca do equilíbrio. Rio de Janeiro: Mauad – Inverde, 2013.
Fonte: Artigo exclusivo
A urbanização da vida humana trouxe consigo a necessidade da produção
habitacional em larga escala, para acompanhar o vertiginoso crescimento
populacional das cidades, desde o pós-revolução industrial aos dias
atuais. Este contexto fornece subsídios ao discurso, à ação e ao fomento
da indústria da construção civil. O crescimento da concorrência no
setor contribui para ampliação das variedades de produtos e localizações
oferecidas pelo mercado imobiliário, sempre disposto a conquistar novos
espaços.
Para alimentar o consumo da produção, surge a demanda por novas áreas e terrenos para as novas construções que, em geral, avançam sobre as áreas verdes, os meios e ecossistemas naturais. Adensa os espaços urbanos, transformando, a cada dia, a paisagem e o modo de vida nas cidades. Novas vias são abertas, a legislação é alterada reduzindo áreas permeáveis para viabilizar maior adensamento e verticalização. Altera-se assim, o clima, criam-se ilhas de calor, modificam-se os cursos dos ventos e dos rios, o escoamento das águas, removem-se árvores, morros e biodiversidade em nome do “desenvolvimento” urbano. Quem está decidindo como e para onde a cidade vai crescer e se desenvolver?
Novos conceitos de moradia passam a ser introduzidos, fomentando o desejo dos compradores por meio dos discursos sedutores de propagandas e “facilidades” financeiras para aquisição da casa própria. As antigas centralidades vão se tornando obsoletas, desgastadas e fora da moda. Os centros urbanos envelhecem e são desprezados neste mundo do consumo do novo, do modismo do luxo e dos excessos. As cidades se expandem horizontalmente aumentando os deslocamentos urbanos para as periferias que vão ganhando status,construídos pelo verbo do marketing habitacional.
De um lado, a população e suas diversas camadas sociais se distribuem conforme seu desejo, suas possibilidades e necessidade de moradia. Há àquelas que sonham com a sua primeira casa, outra parcela anseia o luxo e as facilidades, o conforto dos novos conceitos de moradia repletos de itens de lazer e serviços dentro dos muros dos condomínios fechados. Produtos vendidos, pelo ferramental do marketing habitacional, com o diferencial da segurança, da exclusividade e dos itens ecológicos e sustentáveis. Entretanto, esta expansão tem um preço: contribuem para o espalhamento da cidade para áreas ainda não habitadas, antes ocupadas por florestas, mananciais e aquíferos, agora aterrados com as terras de morros também derrubados para viabilizar um maior número de unidades imobiliárias.
Por outro lado, a lógica do consumo e do investimento lucrativo amplia ainda mais a atuação desse mercado, deixando inúmeros imóveis de segunda, terceira e quarta residências desocupados, em nome do investimento seguro e do “bem de raiz”.
O livro Marketing da “sustentabilidade” habitacional. Lançamentos imobiliários e ecologia urbana: em busca do equilíbrio, que conta com o prefácio de André Trigueiro, traz luz à expansão predatória sobre o maior patrimônio das cidades – a sua Paisagem Natural. Ao estudar o caso do Rio de Janeiro – cidade em construção, com vista aos grandes eventos – deixa claro como o mercado constrói o seu discurso de venda, ao mesmo tempo em que altera o modo e o estilo de vida do carioca, cada vez mais, vítima dos engarrafamentos, dos alagamentos e do calor, ampliado pelo corte de árvores e crescente massa de cimento e concreto.
Repensar o paradigma de desenvolvimento urbano e a forma de consumo do “produto” imobiliário da habitação é o que propõe este livro ao promover o encontro entre o Marketing, a habitação e a ecologia urbana por meio do estudo dos lançamentos imobiliários.
SERVIÇO:
O Lançamento do livro Marketing da “sustentabilidade” habitacional. Lançamentos imobiliários e ecologia urbana: em busca do equilíbrio será na Livraria Blooks.
Quando: 19 de março (terça), às 19 h
Onde: Praia de Botafogo, 316, Botafogo, Rio de Janeiro. (Telefone da Livraria Blooks: 2559-8776)
Para alimentar o consumo da produção, surge a demanda por novas áreas e terrenos para as novas construções que, em geral, avançam sobre as áreas verdes, os meios e ecossistemas naturais. Adensa os espaços urbanos, transformando, a cada dia, a paisagem e o modo de vida nas cidades. Novas vias são abertas, a legislação é alterada reduzindo áreas permeáveis para viabilizar maior adensamento e verticalização. Altera-se assim, o clima, criam-se ilhas de calor, modificam-se os cursos dos ventos e dos rios, o escoamento das águas, removem-se árvores, morros e biodiversidade em nome do “desenvolvimento” urbano. Quem está decidindo como e para onde a cidade vai crescer e se desenvolver?
Novos conceitos de moradia passam a ser introduzidos, fomentando o desejo dos compradores por meio dos discursos sedutores de propagandas e “facilidades” financeiras para aquisição da casa própria. As antigas centralidades vão se tornando obsoletas, desgastadas e fora da moda. Os centros urbanos envelhecem e são desprezados neste mundo do consumo do novo, do modismo do luxo e dos excessos. As cidades se expandem horizontalmente aumentando os deslocamentos urbanos para as periferias que vão ganhando status,construídos pelo verbo do marketing habitacional.
De um lado, a população e suas diversas camadas sociais se distribuem conforme seu desejo, suas possibilidades e necessidade de moradia. Há àquelas que sonham com a sua primeira casa, outra parcela anseia o luxo e as facilidades, o conforto dos novos conceitos de moradia repletos de itens de lazer e serviços dentro dos muros dos condomínios fechados. Produtos vendidos, pelo ferramental do marketing habitacional, com o diferencial da segurança, da exclusividade e dos itens ecológicos e sustentáveis. Entretanto, esta expansão tem um preço: contribuem para o espalhamento da cidade para áreas ainda não habitadas, antes ocupadas por florestas, mananciais e aquíferos, agora aterrados com as terras de morros também derrubados para viabilizar um maior número de unidades imobiliárias.
Por outro lado, a lógica do consumo e do investimento lucrativo amplia ainda mais a atuação desse mercado, deixando inúmeros imóveis de segunda, terceira e quarta residências desocupados, em nome do investimento seguro e do “bem de raiz”.
O livro Marketing da “sustentabilidade” habitacional. Lançamentos imobiliários e ecologia urbana: em busca do equilíbrio, que conta com o prefácio de André Trigueiro, traz luz à expansão predatória sobre o maior patrimônio das cidades – a sua Paisagem Natural. Ao estudar o caso do Rio de Janeiro – cidade em construção, com vista aos grandes eventos – deixa claro como o mercado constrói o seu discurso de venda, ao mesmo tempo em que altera o modo e o estilo de vida do carioca, cada vez mais, vítima dos engarrafamentos, dos alagamentos e do calor, ampliado pelo corte de árvores e crescente massa de cimento e concreto.
Repensar o paradigma de desenvolvimento urbano e a forma de consumo do “produto” imobiliário da habitação é o que propõe este livro ao promover o encontro entre o Marketing, a habitação e a ecologia urbana por meio do estudo dos lançamentos imobiliários.
SERVIÇO:
O Lançamento do livro Marketing da “sustentabilidade” habitacional. Lançamentos imobiliários e ecologia urbana: em busca do equilíbrio será na Livraria Blooks.
Quando: 19 de março (terça), às 19 h
Onde: Praia de Botafogo, 316, Botafogo, Rio de Janeiro. (Telefone da Livraria Blooks: 2559-8776)
Postado por Daniela Kussama
Fonte: Mundo Sustentável
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