domingo, 24 de março de 2013

Setor Eólico brasileiro espera atrair investimentos de mais de US$ 16 bilhões até 2017


Parque eólico em Rio do Fogo, no Rio Grande do Norte. O Brasil se destaca na produção 
de turbinas e geradores eólicos no mercado latino-americano. (Foto: Wind Power Works)
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Em 2012, o Brasil foi o 8º país que mais implementou energia eólica no mundo.
O potencial dos ventos para geração de energia é inquestionável. Historicamente, nos remete ao século 7, na Pérsia, quando os moinhos já eram utilizados para o processamento de grãos. Na Idade Média, a força eólica foi de grande importância para a economia agrícola europeia, com destaque para a Holanda que, entre os séculos 17 e 19, passou a utilizá-la para a drenagem de terras e a produção de óleos vegetais, entre outras aplicações. No final do século 19, houve um salto: a adaptação das estruturas eólicas para a geração de energia elétrica. Desde então, os modelos de aerogeradores foram recebendo aprimoramentos tecnológicos até que, na década de 80, o carpinteiro dinamarquês Christian Riisager chegou a um modelo que se tornou um marco no desenvolvimento das turbinas eólicas.

Atualmente, a eficiência energética de uma turbina eólica coloca-a em condição de competir comercialmente com outras fontes de energia, até mesmo com as térmicas, com grande vantagem em relação à emissão de gases de efeito estufa. “Uma turbina de 600 kW, instalada em uma região de bons ventos, poderá, dependendo do regime de vento e do fator de capacidade, evitar a emissão de CO2 entre 20 mil e 36 mil toneladas, equivalentes à geração convencional, durante seus 20 anos estimados de vida útil”, afirma o engenheiro Ricardo Aldabó Lopez em seu livro Energia Eólica, reeditado este ano pela editora Artliber. “A turbina eólica produz, em seis meses, energia elétrica limpa o suficiente para compensar todas as emissões de gases geradas durante a sua fabricação e instalação”, completa.


No relatório O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade no Século 21: Oportunidades e Desafios, Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energias renováveis do Greenpeace Brasil, destaca que “a operação dos parques não apresenta emissão de gases, e a produção e o transporte de pás e torres implicam emissões de apenas 9 g de CO2 equivalente para cada kWh gerado, ou cerca de 100 vezes menos do que as emissões médias de uma térmica a carvão”. E aponta ainda que, “no Rio Grande do Sul, que recebeu o primeiro grande parque eólico do país, em Osório, em 2006, a energia eólica criou empregos e trouxe benefícios ao meio ambiente, à economia e à sociedade local”.


Juntamente com o Conselho Global de Energia Eólica (GWEC), o Greenpeace lançou ao final de 2012 a quarta edição do Cenário Mundial de Energia Eólica (GLOBAL Wind Energy Outlook), mostrando que os ventos poderiam ser a fonte de até 12% de toda a eletricidade global até 2020, criando 1,4 milhão de novos trabalhos e reduzindo as emissões de CO2 em até 1,5 bilhão de toneladas por ano.


Outras vantagens que as instalações de energia eólica apresentam incluem pequena extensão territorial de ocupação, baixo impacto sobre a fauna, sendo importante haver estudos sobre a ocorrência de aves migratórias e complementaridade em relação à modalidade hidrelétrica. O potencial da energia eólica no Brasil está concentrado principalmente nas regiões Nordeste (interior da Bahia, litoral do Ceará e Rio Grande do Norte) e Sul (Rio Grande do Sul), onde os ventos se acentuam quando os rios apresentam as menores vazões e os reservatórios atingem os menores níveis de acumulação. Isso pode aumentar a segurança no suprimento de energia e permitir a substituição do uso excessivo das usinas termelétricas.



O Brasil na corrida global
O mercado eólico mundial obteve crescimento anual de quase 10% no ano passado e aumento da capacidade instalada acumulada de aproximadamente 19%, segundo dados publicados em fevereiro pelo GWEC. Na liderança global deste mercado, estão China e Estados Unidos, respectivamente, seguidos por Alemanha, Espanha, Índia e Reino Unido.
O Brasil não figura entre os 10 maiores produtores de energia eólica do mundo, mas ficou na oitava posição do ranking que mediu o crescimento das instalações em 2012, com acréscimo de 1.077 MW, o que elevou sua capacidade total instalada para 2,5 GW. É líder do mercado latino-americano, no qual se destaca também na produção de turbinas e geradores eólicos.

Segundo a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Melo, essa capacidade instalada representa, de fato, a efetiva inserção da indústria eólica no país. “De 2009 até 2012, nos sete leilões em que a fonte eólica participou, foram contratados 7,1 GW de novos projetos, que elevarão o volume de instalações de energia eólica no País para mais de 8,5 GW até 2017 – 3,5 vezes maior do que a capacidade atual – e atrairão mais de US$ 16 bilhões em investimentos", destaca.

De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2021, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e colocado em audiência pública pelo Ministério de Minas e Energia, a fonte eólica deverá chegar a 9% de participação na matriz elétrica brasileira com 16 GW instalados em 2021. 



Obstáculos para o uso da energia eólica
Apesar de o Brasil ser um mercado promissor, com um setor organizado e atuante, que pretende manter a meta de 2.0 GW por ano, a manutenção de condições de competitividade e desenvolvimento depende de alguns fatores.

Além do fundamental apoio governamental, por meio de programas como o PROINFA, e da prorrogação da isenção do ICMS aplicada aos equipamentos eólicos, é preciso resolver a questão da ligação dos parques eólicos construídos com as linhas de transmissão e distribuição de energia. Para Elbia Melo, “como a fonte eólica é muito nova no Brasil e os parques eólicos ganhadores do primeiro leilão começaram a gerar energia em 2012, há um custo de aprendizado nesta fase que será trabalhado para evitar problemas futuros”. A ABEEólica reconhece o gargalo, mas minimiza a dificuldade, assegurando que “o governo tem trabalhado para mitigar os problemas encontrados e evitar que ocorram novamente”. 
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Fonte: Sustentabilidade Allianz

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