Um leão boceja em um refúgio animal na África do Sul.
Os projetos de
conservação sul-africanos cuidam para que os habitats da vida selvagem
fiquem a salvo da destruição. (Foto: Reuters)
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Muitos projetos de conservação podem ser financiados apenas
com a receita gerada pelo turismo. Harry Bateman, fundador do TerraPi,
um dos maiores projetos de conservação da África do Sul, acredita que
cercar uma área e mantê-la inacessível às pessoas não é a solução.
Do que se trata, afinal, o projeto TerraPi?
TerraPi é uma fazenda em uma imensa extensão selvagem vizinha à reserva natural de Baviaanskloof, que foi declarada patrimônio mundial. Nós tentamos conservar e restaurar uma área de 10 mil hectares por meio do ecoturismo, da educação e da agricultura sustentável.
Quando chegamos aqui, a terra estava esgotada pelo excesso de exploração agrícola e pecuária. Uma planta exótica, a acácia, estava matando as espécies vegetais nativas e criando verdadeiros desertos de acácia.
Com a ajuda da WWF, do governo sul-africano, de cientistas e de voluntários entusiastas, nós estamos liderando uma iniciativa inédita para reabilitar essas terras. Nosso lema é: "Curar a terra, curar pessoas".
O que vocês já conseguiram até o momento?
Quando compramos a terra, ela servia extensivamente como pasto para bovinos e caprinos. A terra era queimada e depois trabalhada, encorajando o pastejo em um ambiente pobre em nutrientes. A fazenda tinha dois empregados, ambos sem escolaridade e ganhando salários irrisórios.
Hoje, o TerraPi emprega mais de 20 pessoas de comunidades locais. Adotamos como atividade a criação de animais selvagens, que exige muito menos da terra. Plantamos o que comemos, livramos a área das árvores estrangeiras invasoras e garantimos o abastecimento de água para uma vasta região.
TerraPi é uma fazenda em uma imensa extensão selvagem vizinha à reserva natural de Baviaanskloof, que foi declarada patrimônio mundial. Nós tentamos conservar e restaurar uma área de 10 mil hectares por meio do ecoturismo, da educação e da agricultura sustentável.
Quando chegamos aqui, a terra estava esgotada pelo excesso de exploração agrícola e pecuária. Uma planta exótica, a acácia, estava matando as espécies vegetais nativas e criando verdadeiros desertos de acácia.
Com a ajuda da WWF, do governo sul-africano, de cientistas e de voluntários entusiastas, nós estamos liderando uma iniciativa inédita para reabilitar essas terras. Nosso lema é: "Curar a terra, curar pessoas".
O que vocês já conseguiram até o momento?
Quando compramos a terra, ela servia extensivamente como pasto para bovinos e caprinos. A terra era queimada e depois trabalhada, encorajando o pastejo em um ambiente pobre em nutrientes. A fazenda tinha dois empregados, ambos sem escolaridade e ganhando salários irrisórios.
Hoje, o TerraPi emprega mais de 20 pessoas de comunidades locais. Adotamos como atividade a criação de animais selvagens, que exige muito menos da terra. Plantamos o que comemos, livramos a área das árvores estrangeiras invasoras e garantimos o abastecimento de água para uma vasta região.
Todo o nosso pessoal mora em casas construídas a partir de
recursos renováveis. Estamos usando as acácias para fazer itens como
treliças para canteiros de flores, lenha e móveis de jardim. Em breve
forneceremos também cogumelos comestíveis, madeira para construções
sustentáveis e composto orgânico.
Não seria possível efetuar esses esforços de conservação sem o turismo?
Nós logo percebemos que recuperar a terra não dava dinheiro. Isso nos fez olhar para os recursos que temos na própria terra. O turismo é um modo de usá-la sem alterá-la. Nós oferecemos ao turista aquilo que a terra dá – caminhadas, observação de aves e animais selvagens.
Existem também programas para voluntários que queiram ajudar em nossos projetos de reabilitação, e começamos a dar cursos de conservação ambiental para escolas, empresas e grupos de interessados.
Trazer turistas à nossa terra gera renda e nos ajuda a conscientizar as pessoas sobre o problema das plantas estrangeiras invasoras. Pedimos aos nossos hóspedes que apoiem a recuperação deste pedaço de terra que filtra a água para mais de dois milhões de pessoas e dá subsistência a uma comunidade local.
A terra precisa que as pessoas a curem, extirpando as plantas invasoras. E as pessoas precisam da terra para obter seu sustento por meio do turismo.
Você acha que as pessoas podem realmente aprender com a natureza?
É exatamente isso que acontece no TerraPi. No começo eu achava que as pessoas iam preferir áreas intocadas, em vez de vir para uma área que sofre degradação ambiental. Mas as pessoas gostam de fazer algo para solucionar um problema – basta dar-lhes as ferramentas e mostrar como fazer isso.
As pessoas precisam saber que a água que elas bebem na cidade não vem da torneira – ela vem das áreas de captação situadas a centenas de quilômetros de distância. Essas pessoas precisam se questionar sobre o que está acontecendo nos locais onde se origina a água que elas consomem.
Nós ainda teremos que receber muito mais ajuda das empresas para manter limpas as áreas de captação, porém as pessoas que consomem o recurso ao longo de todo o seu trajeto também deveriam assumir alguma responsabilidade.
Há quem diga que preservaríamos melhor a natureza deixando-a entregue a si mesma.
Eu gostaria que pudéssemos nos dar a esse luxo. Mas nós já interferimos na natureza. Se a abandonarmos agora, ela irá mudar de forma incontornável. Se deixarmos a área de captação da represa de Kouga ser tomada, toda a região perderá seu abastecimento de água. Os agricultores não conseguirão mais irrigar uma zona agrícola crítica que fornece carne, frutas e legumes, e ainda perderemos a reserva de Baviaanskloof, que é um patrimônio histórico internacional.
Os conservacionistas, na maioria das vezes, são acadêmicos que se impõem 'de cima para baixo' e um tanto distantes do desejo humanitário de conservar e proteger. Um sistema que afasta as pessoas da natureza, cercando-a e gastando milhões para que ninguém ponha os pés num lugar, geralmente acaba mal. Os humanos são um organismo neste nosso planeta e não podemos ser isolados do nosso meio ambiente.
Os turistas muitas vezes percorrem grandes distâncias, e isso gera muitas emissões de CO2. Você encorajaria pessoas da Europa ou dos Estados Unidos a visitar seu projeto de conservação?
Eu sou contra voos de curta distância, mas não vejo alternativa competitiva para viagens de longa distância. Aqui no TerraPi adotamos um sistema em que as emissões de carbono são calculadas por alto e você tem a oportunidade de compensá-las fazendo uma doação para algum projeto nosso.
Nós recebemos as crianças das escolas locais para coletar sementes e plantar árvores que irão compensar seu débito de carbono. Portanto, os hóspedes podem fazer algo construtivo em uma área que, de todo modo, precisa ser reabilitada.
Não seria possível efetuar esses esforços de conservação sem o turismo?
Nós logo percebemos que recuperar a terra não dava dinheiro. Isso nos fez olhar para os recursos que temos na própria terra. O turismo é um modo de usá-la sem alterá-la. Nós oferecemos ao turista aquilo que a terra dá – caminhadas, observação de aves e animais selvagens.
Existem também programas para voluntários que queiram ajudar em nossos projetos de reabilitação, e começamos a dar cursos de conservação ambiental para escolas, empresas e grupos de interessados.
Trazer turistas à nossa terra gera renda e nos ajuda a conscientizar as pessoas sobre o problema das plantas estrangeiras invasoras. Pedimos aos nossos hóspedes que apoiem a recuperação deste pedaço de terra que filtra a água para mais de dois milhões de pessoas e dá subsistência a uma comunidade local.
A terra precisa que as pessoas a curem, extirpando as plantas invasoras. E as pessoas precisam da terra para obter seu sustento por meio do turismo.
Você acha que as pessoas podem realmente aprender com a natureza?
É exatamente isso que acontece no TerraPi. No começo eu achava que as pessoas iam preferir áreas intocadas, em vez de vir para uma área que sofre degradação ambiental. Mas as pessoas gostam de fazer algo para solucionar um problema – basta dar-lhes as ferramentas e mostrar como fazer isso.
As pessoas precisam saber que a água que elas bebem na cidade não vem da torneira – ela vem das áreas de captação situadas a centenas de quilômetros de distância. Essas pessoas precisam se questionar sobre o que está acontecendo nos locais onde se origina a água que elas consomem.
Nós ainda teremos que receber muito mais ajuda das empresas para manter limpas as áreas de captação, porém as pessoas que consomem o recurso ao longo de todo o seu trajeto também deveriam assumir alguma responsabilidade.
Há quem diga que preservaríamos melhor a natureza deixando-a entregue a si mesma.
Eu gostaria que pudéssemos nos dar a esse luxo. Mas nós já interferimos na natureza. Se a abandonarmos agora, ela irá mudar de forma incontornável. Se deixarmos a área de captação da represa de Kouga ser tomada, toda a região perderá seu abastecimento de água. Os agricultores não conseguirão mais irrigar uma zona agrícola crítica que fornece carne, frutas e legumes, e ainda perderemos a reserva de Baviaanskloof, que é um patrimônio histórico internacional.
Os conservacionistas, na maioria das vezes, são acadêmicos que se impõem 'de cima para baixo' e um tanto distantes do desejo humanitário de conservar e proteger. Um sistema que afasta as pessoas da natureza, cercando-a e gastando milhões para que ninguém ponha os pés num lugar, geralmente acaba mal. Os humanos são um organismo neste nosso planeta e não podemos ser isolados do nosso meio ambiente.
Os turistas muitas vezes percorrem grandes distâncias, e isso gera muitas emissões de CO2. Você encorajaria pessoas da Europa ou dos Estados Unidos a visitar seu projeto de conservação?
Eu sou contra voos de curta distância, mas não vejo alternativa competitiva para viagens de longa distância. Aqui no TerraPi adotamos um sistema em que as emissões de carbono são calculadas por alto e você tem a oportunidade de compensá-las fazendo uma doação para algum projeto nosso.
Nós recebemos as crianças das escolas locais para coletar sementes e plantar árvores que irão compensar seu débito de carbono. Portanto, os hóspedes podem fazer algo construtivo em uma área que, de todo modo, precisa ser reabilitada.
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Fonte: http://sustentabilidade.allianz.com.br
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