A Pousada Uacari, em Mamirauá, é um exemplo de gestão participativa.
O
processo de tomada de decisões envolve a associação local
de prestadores
de serviços e os lucros são compartilhados
com as comunidades próximas.
(Foto: Divulgação/Aoka)
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O Turismo de Base Comunitária traz em sua essência o
desenvolvimento sustentável e aproxima, de forma autêntica, diferentes
povos e culturas.
Para muitos viajantes, o momento das férias agora vai além de
visitas a pontos turísticos. Alguns falam de expansão da consciência,
outros classificam como experiências de vida. O fato é que as rotas de
Turismo Comunitário vêm se multiplicando pelo Brasil. Também chamado de
Turismo de Base Comunitária ou Solidário, o segmento tem como objetivo
trazer benefícios para todos: agrada turistas ao proporcionar o contato
com mundos diferentes dos seus e pode permitir o crescimento ordenado de
comunidades.
Mas há que se tomar cuidado. Qualquer atividade turística traz impactos, mesmo que mínimos. Um riacho ou uma cachoeira visitados por uma excursão, por exemplo. Os banhistas acabam deixando ali resíduos estranhos à natureza, como protetores solar, cremes para cabelo, bronzeadores. Isso sem considerar o lixo que algumas pessoas às vezes deixam para trás. Outro movimento comum de se ver é uma enxurrada de demandas turísticas em pequenas cidades sem infraestrutura para receber tantas pessoas. Um fluxo turístico maior do que a capacidade de atendimento do destino.
Entre outros possíveis impactos negativos, levantados pelo Ministério do Turismo, estão a desestruturação da cultura local, a elevação dos índices de evasão de renda, a especulação imobiliária e a exclusão territorial de residentes.
O Turismo de Base Comunitária quer ser diferente e se mostra como uma alternativa viável à exploração que leva ao esgotamento. Promove a interação entre comunidade e turista de forma sustentável, com ganhos para a população local, e fomenta práticas de economia solidária na cadeia produtiva do turismo.
A experiência turística única e autêntica é oferecida para o visitante a partir da sua participação na vida comunitária local, por meio da valorização das diferenças culturais, por meio de parcerias e do protagonismo das comunidades na gestão da atividade turística.
Jornadas de aprendizagem
No município de Tefé, Estado do Amazonas, oito comunidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá se beneficiam da atividade turística de várias formas, sendo o Turismo de Base Comunitária uma atividade complementar às tradicionalmente desenvolvidas.
Uma das empresas que opera o destino é a Aoka, que vende experiências e jornadas conscientes para viajantes que buscam algo mais. Com o acompanhamento de especialistas, as viagens promovem conversas significativas entre diferentes grupos e transparência nas relações com as comunidades. Os jovens idealizadores da empresa querem inspirar inovação e transformação pessoal e, para isso, desenvolveram o que chamam de programas de aprendizagem experiencial. A empresa também criou o Fundo Aoka, para financiar projetos sociais nas comunidades, mantido com parte do lucro das viagens e doações voluntárias.
Em Mamirauá, os clientes da Aoka e visitantes em geral se hospedam na Pousada Uacari, localizada na confluência dos Rios Solimões e Japurá. Aberto em 2001, o empreendimento é exemplo de como uma comunidade pode se organizar bem. A gestão e o processo de tomada de decisões são participativos e ocorrem por meio da associação local de prestadores de serviços em ecoturismo, que também atua na fiscalização da reserva. Os excedentes gerados pelas atividades turísticas são repartidos de forma igualitária entre as comunidades próximas.
Desenvolvimento local
Outra comunidade que aceitou a entrada do turismo e decidiu ser protagonista da inevitável transformação do local foi a da Prainha do Canto Verde, no Ceará, uma microrregião de 749 hectares com praia de aproximadamente 5 km de extensão e cerca de mil habitantes.
Mas há que se tomar cuidado. Qualquer atividade turística traz impactos, mesmo que mínimos. Um riacho ou uma cachoeira visitados por uma excursão, por exemplo. Os banhistas acabam deixando ali resíduos estranhos à natureza, como protetores solar, cremes para cabelo, bronzeadores. Isso sem considerar o lixo que algumas pessoas às vezes deixam para trás. Outro movimento comum de se ver é uma enxurrada de demandas turísticas em pequenas cidades sem infraestrutura para receber tantas pessoas. Um fluxo turístico maior do que a capacidade de atendimento do destino.
Entre outros possíveis impactos negativos, levantados pelo Ministério do Turismo, estão a desestruturação da cultura local, a elevação dos índices de evasão de renda, a especulação imobiliária e a exclusão territorial de residentes.
O Turismo de Base Comunitária quer ser diferente e se mostra como uma alternativa viável à exploração que leva ao esgotamento. Promove a interação entre comunidade e turista de forma sustentável, com ganhos para a população local, e fomenta práticas de economia solidária na cadeia produtiva do turismo.
A experiência turística única e autêntica é oferecida para o visitante a partir da sua participação na vida comunitária local, por meio da valorização das diferenças culturais, por meio de parcerias e do protagonismo das comunidades na gestão da atividade turística.
Jornadas de aprendizagem
No município de Tefé, Estado do Amazonas, oito comunidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá se beneficiam da atividade turística de várias formas, sendo o Turismo de Base Comunitária uma atividade complementar às tradicionalmente desenvolvidas.
Uma das empresas que opera o destino é a Aoka, que vende experiências e jornadas conscientes para viajantes que buscam algo mais. Com o acompanhamento de especialistas, as viagens promovem conversas significativas entre diferentes grupos e transparência nas relações com as comunidades. Os jovens idealizadores da empresa querem inspirar inovação e transformação pessoal e, para isso, desenvolveram o que chamam de programas de aprendizagem experiencial. A empresa também criou o Fundo Aoka, para financiar projetos sociais nas comunidades, mantido com parte do lucro das viagens e doações voluntárias.
Em Mamirauá, os clientes da Aoka e visitantes em geral se hospedam na Pousada Uacari, localizada na confluência dos Rios Solimões e Japurá. Aberto em 2001, o empreendimento é exemplo de como uma comunidade pode se organizar bem. A gestão e o processo de tomada de decisões são participativos e ocorrem por meio da associação local de prestadores de serviços em ecoturismo, que também atua na fiscalização da reserva. Os excedentes gerados pelas atividades turísticas são repartidos de forma igualitária entre as comunidades próximas.
Desenvolvimento local
Outra comunidade que aceitou a entrada do turismo e decidiu ser protagonista da inevitável transformação do local foi a da Prainha do Canto Verde, no Ceará, uma microrregião de 749 hectares com praia de aproximadamente 5 km de extensão e cerca de mil habitantes.
Lá, o projeto Turismo Socialmente Responsável começou em 1993 e
hoje é referência. Pela pesquisa inicial feita com os moradores, era
muito claro que eles desejavam um turismo em que fossem articuladores,
empreendedores e organizadores. E imaginavam que a renda e o lucro
devessem ficar na comunidade, para melhorar a qualidade de vida da
população.
Os resultados colhidos originaram uma proposta de Turismo Comunitário, que levou à formação de uma cooperativa e à definição de um modelo de gestão local. Ficou estabelecido que, ao final de cada gestão anual, 20% do saldo das operações ligadas ao turismo seria repassado para a comunidade, que decide quais são os investimentos prioritários. A outra parcela seria destinada ao Fundo de Reserva, utilizado para investimento em melhorias necessárias ao turismo e também para a realização de pequenos empréstimos para alavancagem de empreendimentos e abertura de novos negócios.
“O turismo depende da conservação dos destinos visitados e, por isso, temos a obrigação de trabalhar seriamente para minimizar os impactos causados pelas viagens e criar mecanismos que possam integrar as comunidades visitadas, produzir mais conhecimento e promover o desenvolvimento regional”, defende Ana Carina Homa, diretora socioambiental da Braztoa – Associação Brasileira das Operadoras de Turismo. A organização desenvolveu um Guia de Boas Práticas, dentro das ações do Programa Braztoa de Sustentabilidade, que já recebeu a adesão de 22 empresas associadas.
O guia não cita explicitamente o Turismo de Base Comunitária, mas indica a necessidade de “utilizar passeios e tours sustentáveis que desenvolvam a comunidade local e encoraje a população a ser autossuficiente”. Para Ana, o Turismo de Base Comunitária – assim como o Turismo Rural e todos os demais tipos de turismo que incentivem a profissionalização da população local, para que ela possa ter subsídios suficientes para desenvolver-se economicamente – deve ser incentivado. “Porém, somente com o apoio de entidades governamentais, da sociedade, do terceiro setor e de empresas ligadas ao Turismo poderemos obter bons resultados em médio e longo prazos”, completa.
Articulação regional
Esse também é o posicionamento do Ministério do Turismo, que vem apoiando diversas ações de desenvolvimento e pesquisa sobre o Turismo de Base Comunitária no âmbito do Programa de Turismo de Base Local, que teve início em 2008 e investimento de cerca de R$ 10 milhões.
“Neste ano de 2012, novas ações voltadas ao Turismo de Base Comunitária serão apoiadas em parceria com instituições públicas e também com organismos internacionais representados pela JICA, pela ABC e pelo Caricom, com o intuito de proporcionar a troca de experiência de políticas públicas desenvolvidas no Brasil e países do Caribe”, afirma Leopoldo Alves Júnior, diretor do Departamento de Qualificação e Certificação de Produção Associada ao Turismo do MTur.
Muitos desafios ainda têm de ser enfrentados no segmento. Talvez o maior deles seja a sensibilização e a articulação das comunidades anfitriãs, do mercado e das instituições não governamentais, para concretizar e consolidar as atividades do Turismo Comunitário. Ainda é difícil criar alternativas de geração de renda que possam ser desenvolvidas no território com o conhecimento e o saber locais. E garantir a oferta de produtos e serviços de qualidade, sem alterar de forma significativa o modo de vida das comunidades.
Os resultados colhidos originaram uma proposta de Turismo Comunitário, que levou à formação de uma cooperativa e à definição de um modelo de gestão local. Ficou estabelecido que, ao final de cada gestão anual, 20% do saldo das operações ligadas ao turismo seria repassado para a comunidade, que decide quais são os investimentos prioritários. A outra parcela seria destinada ao Fundo de Reserva, utilizado para investimento em melhorias necessárias ao turismo e também para a realização de pequenos empréstimos para alavancagem de empreendimentos e abertura de novos negócios.
“O turismo depende da conservação dos destinos visitados e, por isso, temos a obrigação de trabalhar seriamente para minimizar os impactos causados pelas viagens e criar mecanismos que possam integrar as comunidades visitadas, produzir mais conhecimento e promover o desenvolvimento regional”, defende Ana Carina Homa, diretora socioambiental da Braztoa – Associação Brasileira das Operadoras de Turismo. A organização desenvolveu um Guia de Boas Práticas, dentro das ações do Programa Braztoa de Sustentabilidade, que já recebeu a adesão de 22 empresas associadas.
O guia não cita explicitamente o Turismo de Base Comunitária, mas indica a necessidade de “utilizar passeios e tours sustentáveis que desenvolvam a comunidade local e encoraje a população a ser autossuficiente”. Para Ana, o Turismo de Base Comunitária – assim como o Turismo Rural e todos os demais tipos de turismo que incentivem a profissionalização da população local, para que ela possa ter subsídios suficientes para desenvolver-se economicamente – deve ser incentivado. “Porém, somente com o apoio de entidades governamentais, da sociedade, do terceiro setor e de empresas ligadas ao Turismo poderemos obter bons resultados em médio e longo prazos”, completa.
Articulação regional
Esse também é o posicionamento do Ministério do Turismo, que vem apoiando diversas ações de desenvolvimento e pesquisa sobre o Turismo de Base Comunitária no âmbito do Programa de Turismo de Base Local, que teve início em 2008 e investimento de cerca de R$ 10 milhões.
“Neste ano de 2012, novas ações voltadas ao Turismo de Base Comunitária serão apoiadas em parceria com instituições públicas e também com organismos internacionais representados pela JICA, pela ABC e pelo Caricom, com o intuito de proporcionar a troca de experiência de políticas públicas desenvolvidas no Brasil e países do Caribe”, afirma Leopoldo Alves Júnior, diretor do Departamento de Qualificação e Certificação de Produção Associada ao Turismo do MTur.
Muitos desafios ainda têm de ser enfrentados no segmento. Talvez o maior deles seja a sensibilização e a articulação das comunidades anfitriãs, do mercado e das instituições não governamentais, para concretizar e consolidar as atividades do Turismo Comunitário. Ainda é difícil criar alternativas de geração de renda que possam ser desenvolvidas no território com o conhecimento e o saber locais. E garantir a oferta de produtos e serviços de qualidade, sem alterar de forma significativa o modo de vida das comunidades.
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Fonte: http://sustentabilidade.allianz.com.br
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