Estrelas-do-mar “famintas”, tempestades e
acidificação dos oceanos reduziram pela metade a maior cobertura de
corais do mundo, na Austrália. Mas há ainda um 4º fator – a negligência
São Paulo – A maior barreira de corais do planeta vive uma crise
ambiental sem precedentes. Relatório recente mostra que a Grande
Barreira de Corais Australiana já perdeu mais da metade de sua cobertura
(50,7%) nos últimos 27 anos. E, se nada for feito na próxima década,
podem restar apenas 5% da formação no ano de 2022, diz o documento do
Instituto Australiano de Ciência Marinha, que sintetizou mais de 2 mil
trabalhos científicos sobre o assunto.
Estendendo-se por mais de 2.000 quilômetros ao longo da costa do estado
de Queensland, a Grande Barreira de Corais é composta por quase três
mil pequenos recifes e mais de 900 ilhas no oceano Pacífico. Atualmente,
é lar de 400 espécies de corais, 1.500 espécies de peixes, 4.000 espécies de moluscos e animais em risco de extinção, como o peixe-boi e a tartaruga verde.
Como é possível que esse paraíso natural, declarado Patrimônio Mundial
da Humanidade em 1981 e que gera cerca de 5 bilhões de dólares em
turismo para a economia australiana, esteja desaparecendo? De acordo com
a pesquisa, publicada na revista americana Proceedings of the National Academy of Sciences, três fatores principais explicam a redução alarmante.
Mudanças climáticas respondem
por 48% da degradação da barreira. Desde 1985, 34 ciclones atingiram a
região carregando consigo toneladas de sedimento e resíduos tóxicos de
atividades industriais e agrícolas da terra para o mar.
O segundo fator é a explosão de uma população de estrelas-do-mar da espécie Acanthaster púrpura,
também conhecida como "coroa de espinhos", que literalmente devora os
corais. Já a terceira pressão ambiental vem da acidificação dos oceanos,
fenômeno desencadeado pelo aumento da concentração de CO2 na atmosfera.
Como consequência, os corais ficam esbranquiçados e quebradiços e
acabam morrendo.
Mas há ainda um quarto fator que contribui para o colapso da Grande
Barreira: a negligência das autoridades públicas. Depois do alerta dos
cientistas, o governo australiano admitiu que fechou os olhos às ameaças
aos corais. “Todos levamos a culpa por não termos feito o suficiente e
agora precisamos nos concentrar em garantir que podemos consertar isso”,
disse o ministro do Meio Ambiente, Tony Burke, ontem à noite na televisão australiana ABC.
O problema do surto de populações de estrelas do mar que se alimentam
dos corais foi registrado pela primeira vez em 1962 e, desde então,
repete-se a cada 15 anos. Para controlar a ação predatória,
mergulhadores injetam uma proteína nas estrelas do mar para matá-las,
uma a uma. Mas é preciso avançar nesse trabalho.
“Não dá para evitar as tormentas, mas podemos deter as estrelas-do-mar.
Se conseguirmos isso, daremos uma maior oportunidade à Barreira para
que se adapte ao aumento da temperatura dos mares e à acidificação dos
oceanos", afirma a pesquisa do Instituto Australiano de Ciência Marinha.
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