Crédito de carbono
ajudaria financiar pequena hidrelétrica
Obter Redução Certificada de Emissões pode reduzir parte do investimento
em Pequena Central Hidrelétrica
Divulgação
Hidrelétrica: Pequena Central Hidrelétrica causa menor impacto ambiental
onde é instalada do que uma usina comum
São Paulo - Na Escola Politécnica (Poli) da USP, estudo demonstra que a utilização de créditos de carbono pode
reduzir o investimento necessário para a implantação de uma Pequena
Central Hidrelétrica (PCH). Além de não emitir gás carbônico (CO2) na
atmosfera, o que aconteceria com uma usina termelétrica que gera energia
utilizando combustível fóssil, a PCH tem menos impacto ambiental na
região em que é implantada devido a sua dimensão reduzida. O trabalho da
arquiteta Heliana Artigiani foi orientado pelo professor Cláudio
Tavares de Alencar, da Poli.
De acordo com a arquiteta, os créditos de carbono, também chamados de
Redução Certificada de Emissões (RCE), são obtidos por meio do cálculo
que se faz da redução das emissões de CO2. “Para obter esse valor, é
admitida a linha de base, que consiste em verificar as emissões
produzidas pela matriz energética em operação no país durante um ano”,
explica. “Adicionando a energia que será produzida pela nova PCH é
possível mensurar quanto CO2 deixará de ser emitido.”
Por meio de uma metodologia de cálculo, é possível definir e converter a
quantidade de CO2 que deixa de chegar à atmosfera em créditos de
carbono, que serão negociados através da Bolsa Mercantil e Futuros (BM&F), no Mercado de Carbono.
“A concessão dos créditos é regulamentada nos países em desenvolvimento
pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), e supervisionada no
Brasil pela Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima”, diz
Heliana.“A metodologia pode ser desenvolvida pelo próprio empreendedor
que solicita os créditos, ou então pode ser utilizado o método já
aprovado e padronizado pela Convenção Quadro das Nações Unidas Sobre
Mudança do Clima (UNFCCC)”.
Para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), são consideradas
PCHs as centrais que tem de 1 a 30 megawatts (MW) de potência e ocupam
uma área inundada de até 3 quilômetros quadrados (km2) para a cheia
centenária (nível máximo das águas nos últimos cem anos).
“Na pesquisa, o uso de RCE foi estimado para um empreendimento de PCH de
15MW de potência instalada, limite máximo para projetos de pequena
escala no MDL”, acrescenta a arquiteta. De acordo com a Aneel, o Brasil
possui hoje 423 PCH instaladas e em operação, com potência de 4.150MW,
representado 3,43% da energia gerada no País.
Projeto
Depois de definir a metodologia de cálculo, o empreendedor deve
elaborar um Documento de Concepção de Projeto (DCP) que leve em conta os
padrões do MDL. “A área da central, por exemplo, pode reduzir a
concessão de créditos, pois o impacto ambiental aumenta conforme sua
dimensão”, diz Heliana.
Em seguida, o projeto passa por uma Entidade Operacional Designada, que
são instituições brasileiras ou internacionais credenciadas pelo
Conselho Executivo do MDL (que supervisiona o funcionamento do MDL) a fazer a validação do DCP. Uma vez validado,
ele segue para a Comissão Interministerial de Mudanças Globais do Clima.
Depois, retorna para a Entidade Operacional, que realiza o registro, e
segue para o Conselho Executivo do MDL, que faz a emissão das RCEs.
O estudo mostra que 70% do valor necessário para implantar a central
pode ser obtido junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social e 30% é pelo investimento do próprio empreendedor. “O custo total
de implantação de uma PCH de 15MW de potência instalada é estimado em
R$ 90 milhões, nos quais os créditos de carbono representam 3% desse
valor, ou seja, os créditos ajudam a reduzir o investimento que o
empreendedor precisará fazer para realizar a obra”, ressalta Heliana.
Depois da construção da PCH, a Entidade Operacional Designada realiza
um trabalho permanente de monitoramento, verificação e certificação da
central em funcionamento, para assegurar que não há emissões de CO2. “Ao
se optar pela construção de uma hidrelétrica, deixa-se de lado as
termelétricas, que provocam emissões, e utiliza-se uma fonte renovável
de energia”, destaca a arquiteta. “Devido às suas dimensões reduzidas, a
PCH apresenta a vantagem adicional de causar um menor impacto ambiental
nas regiões em que é instalada em relação a uma Usina Hidrelétrica
convencional.”
Fonte: http://exame.abril.com.br, em 21/agosto/2012
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