África do Sul e Austrália assumem
presidência da diretoria do
Fundo Climático Verde
O primeiro dia da reunião sobre a estruturação do Fundo Climático
Verde, que promete distribuir US$ 100 bilhões anualmente para ações de
adaptação e mitigação das mudanças climáticas, terminou com a escolha
dos representantes da África do Sul e da Austrália como presidentes da
diretoria.
Zaheer Fakir, do Departamento de Assuntos Ambientais
sul-africano, e Ewen McDonald, vice-diretor da Agência Australiana de
Desenvolvimento Internacional, devem agora organizar o restante do
encontro para que seja possível alcançar o objetivo de estabelecer os
processos decisórios internos do Fundo.
Como ainda não se debaterá
a origem dos US$ 100 bilhões ou como eles vão ser distribuídos, a mais
importante tarefa da dupla será alcançar um consenso de que como as
decisões serão realizadas, em especial como o país-sede do Fundo será
escolhido.
Alemanha, México, Namíbia, Polônia, Coreia do Sul e
Suíça são os candidatos. Apesar de ser teoricamente apenas uma decisão
logística, a escolha de um país rico ou emergente claramente carrega
significados e a disputa está acirrada.
“Primeiro precisamos
definir como será feita essa votação, depois, provavelmente em outra
reunião, em outubro, faremos a eleição. A intenção é apresentar o
resultado na Conferência do Clima (COP18) em Doha, no Catar, em
novembro, para que todas as nações possam endossar a escolha”, afirmou
Henning Wuester, do secretariado interino do Fundo, ao RTCC.
Apesar de ainda não ter divulgado resultados, a reunião desta semana já apresentou sua primeira polêmica.
Um
relatório, produzido pelas ONGs Friends of the Earth, GAIA e IPS, traz o
alerta de que o Fundo pode acabar sendo dominado por companhias e pelos
governos doadores, fugindo assim de seu grande propósito de ajudar os
mais vulneráveis.
“Já vimos isso no passado e não é uma imagem
bonita: o dinheiro público, que supostamente deveria ir para os pobres
do mundo, acaba sendo desviado para os bolsos de corporações
multinacionais poluidoras”, afirmam os autores.
A principal razão
para a desconfiança é a “cláusula de objeção” contida nas regras do
Fundo. Segundo ela, qualquer membro da diretoria pode vetar a
participação nas reuniões de entidades independentes que desejam
monitorar a ferramenta.
“Trata-se de uma medida mal elaborada e
que pode resultar em uma severa deterioração na integridade ambiental e
social do Fundo”, ressaltam.
Segundo Janet Redman, do IPS, é
preciso garantir que as atividades financiadas por recursos privados
contidos no Fundo não sejam sujeitas a influência das companhias
doadoras.
“O setor privado possui suas motivações, mas estas devem
estar alinhadas aos interesses e prioridades das pessoas que estão
sofrendo os impactos das mudanças climáticas”, disse.
A reunião sobre o Fundo Climático Verde terminou neste sábado (25).
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* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)
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