Copa de 2014 vai emitir
11 milhões de toneladas de carbono
A quantidade equivale a 46.946 hectares de floresta para sequestro
futuro de carbono,ou cerca de 34,5% do Pantanal
Copa do Mundo de 2014: sustentabilidade da Copa 2014 será debatida
nos próximos dias 12 e 13, em Brasília | Flickr
________________________________
Rio de Janeiro – A Copa do Mundo
de Futebol de 2014 vai resultar na emissão de mais de 11 milhões de
toneladas de gás carbônico equivalente, de acordo com estudo divulgado
hoje (10) pela consultoria Personal CO2Zero. Além do próprio evento
esportivo, o estudo considera a etapa de preparação, incluindo a
construção e reforma de estádios, a infraestrutura do entorno e o
deslocamento internacional.
A quantidade equivale a 46.946 hectares de floresta para sequestro
futuro de carbono, cerca de 34,5% do Pantanal, ou ao consumo de energia
de 181.254 domicílios brasileiros pelo período de um ano. “Nós estamos
falando aí de um terço do Pantanal”, destacou Daniel Machado, consultor
responsável pelo estudo, em entrevista à Agência Brasil.
De acordo com o estudo, entre as cidades mais emissoras estão São
Paulo, Salvador, Natal e Rio de Janeiro. Juntas, elas respondem por
56,7% das emissões estimadas. A cidade que menos polui, de acordo com o
relatório, é Recife.
Considerando somente os dias dos jogos no Brasil, os deslocamentos das
delegações e do público dentro do país, as emissões alcançarão mais de 3
milhões de toneladas. Segundo o relatório, isso equivale a mais de 12
mil hectares de floresta ou a 9,3% do Pantanal.
O estudo considera que as 3,6 milhões de pessoas esperadas para a Copa,
das quais 3 milhões são brasileiros e 600 mil estrangeiros, provocarão
emissões de mais de 5 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente.
“A nossa maior preocupação não é apenas citar que as emissões sejam
dessa monta, mas, principalmente, auxiliar na busca de mitigação”, disse
Machado, que pretende encaminhar o relatório ao Comitê Organizador
Local (COL) da Copa de 2014 e para o Ministério do Esporte.
A sustentabilidade da Copa 2014 será debatida nos próximos dias 12 e
13, em Brasília, por representantes das 12 cidades-sede que apresentarão
estudos de caso de sustentabilidade a partir das intervenções urbanas
já em curso nos municípios.
De acordo com o relatório, a atividade da construção civil, por
exemplo, englobando estádios, mobilidade urbana e infraestrutura em
aeroportos, deverá responder pela emissão de mais de 5 milhões de
toneladas de gás carbônico equivalente. Isso significa 40,9% do total de
emissões ou 0,3% durante o evento. Para mitigar esse impacto, o estudo
propõe o uso de matéria-prima alternativa e a adoção de processos produtivos mais sustentáveis. “A busca por materiais em raio inferior
a 800 quilômetros do estádio pode fazer diferença”, disse Machado.
No caso dos transportes, o estudo aponta a utilização de
biocombustíveis, em especial na aviação e, no longo prazo, investimentos
no modal ferroviário. A previsão é que a área de transportes seja
responsável pela emissão de 2 milhões de toneladas de gás carbônico
equivalente, o que corresponde a 42,9% das emissões totais ou a 67,1%
das emissões durante os jogos.
O relatório aponta ainda propostas na área da alimentação, como o
fomento de alimentos orgânicos e locais. Na área de energia, o estudo
defende o uso de fontes renováveis. “Quando a gente faz isso, a primeira
preocupação é reduzir ao máximo possível essas emissões. O segundo
passo é, sabendo quanto você emitiu ou está emitindo, neutralizar as
emissões para tornar esta Copa um evento verdadeiramente sustentável. Ou
sustentável com lastro”.
Outro dado levantado leva em consideração a vida útil dos estádios,
considerando um período de 30 anos como parâmetro e o número de jogos
que serão realizados no local. Nesse caso, o Castelão, em Fortaleza, com
seis jogos, deverá ser o maior emissor da Copa, com 197,98 toneladas de
gás carbônico equivalente. Já o estádio mais sustentável durante a
Copa, de acordo com o relatório, será a Arena Pantanal, localizada em
Cuiabá (MT). A previsão é de que sejam emitidos, neste caso, 37,70
toneladas de gás carbônico equivalente nos quatro jogos que sediará.
Por modais de transporte, o aéreo foi indicado como o maior agente de
emissão durante a Copa, respondendo por 60% dos gases de efeito estufa.
“Quando você considera as obras das arenas mais a infraestrutura, o
transporte aéreo vai ser o segundo maior emissor, perdendo apenas para a
construção civil”, ressaltou Machado.
_____________
Fonte: Exame.com, em 10/setembro/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário